Por Tuili Freitas
No mesmo segundo que a gente descobre que tá grávida com o exame de sangue na mão, depois de já ter feito mil exames de farmácia e vários testes caseiros (como cheirar perfume, vê se sente vontade de alguma comida estranha, enjôo, dentre outros) nossos sentimentos viram uma bagunça só. Medo, amor, desespero, culpa... Mas, só uma pergunta toma conta da gente: E agora???
No meu caso, eu descobri no começo de fevereiro de 2007, minha menstruação estava atrasada, mas eu achava que era por causa de medicamentos fortes que havia tomado, fiz o exame de farmácia que deu positivo, contamos para nossos pais, no dia seguinte fiz o exame no laboratório que confirmou. Na primeira ultrasson, depois de ter ouvido o coraçãozinho do meu bebê pela primeira vez numa espécie antiga de rádio e ter me afogado em lágrimas, vimos que estava de quase 5 semanas. Mas antes de tudo isso, antes até de ter certeza absoluta de estar grávida, eu coloquei três coisas na minha cabeça, que acontecesse o que fosse nada mudaria: vou ter esse bebe, vou tentar parto normal e irei amamentar até 15 meses. São as três decisões que irão determinar todo o resto.
O meu namorado, na época, não se mostrava muito empolgado, tampouco sua família. Foi bem difícil, muitas coisas só enxerguei depois de muito tempo. Só senti enjôo uma vez, causado, acredito eu pelo medo, a coisa mais “estranha” que senti vontade de comer foi quiabo, agora todo dia queria churros, cachorro-quente, pizza, lasanha, batata frita, caldo, strogonoff, salgadinhos, pão de queijo, macarronada, sorvete, chocolate, e outras iguarias calóricas. Não tinha azia, nem dores de cabeça, gravidez tranqüila, tirando a ansiedade e a sensibilidade (chorava todo dia), comia o tempo todo, e como não sentia enjôos engordei tudo (lindos 22 quilos).
Voltando ao assunto inicial, quando se tem a certeza absoluta que tem um serzinho crescendo dentro você, tudo se transforma. Você começa a navegar muitos sites que falam desde roupinhas até mobilha pro quartinho, começamos a reparar aquelas lojinhas que nem sabíamos que existiam, em todo lugar vemos crianças, bebês e grávidas, parece que o ar ao redor fica mais suave. Do nada a gente se pega conversando com a barriga, tomamos cuidados redobrados para não cair, quando a barriga começa a crescer não paramos de olhar no espelho. Ficamos revoltadas com todo o guarda-roupa que não serve mais e toda lambuzada com tanto óleo pra prevenção de estrias (que não adianta p#rr* nenhuma, certeza que é genética, apesar que o fato de ser adolescente e meu corpo não estar formado deve ter ajudado, meu irmão querido fala que briguei com urso).
A gente chora vendo “sessão da tarde” ou quando alguém olha feio pra nós, sentimos uma fomeeeee (e no ultimo mês não paramos de mastigar nenhum segundo, literalmente). Reviramos revistinhas e blogs de nomes e seus significados, deixamos a ultrassonografia em lugar estratégico para toda hora pegarmos e darmos uma olhadinha.
Depois de lavar com sabão de coco e passar,arrumamos as roupinhas um zilhão de vezes, a malinha do hospital todo dia é refeita, limpamos o quartinho quantas vezes dá num dia, pensamos o que falta ficar pronto quase todo segundo. E quanto mais as coisinhas vão ficando prontas mais demora passar o tempo. Todo mundo que vai nos visitar, mostramos tudo.
Toda hora estamos com a mão na barriga, que se torna hábito dormimos e acordamos com a mão sobre ela.
Nos preocupamos com cada detalhe do enxoval, as lembrancinhas, os quadrinhos, a cor do quarto, a cortina, os brinquedinhos, o protetor do berço, as cores da decoração...
E como filho mesmo antes de nascer gastaaaa (e depois que nasce gasta o dobro, e depois que aprende a falar gasta o triplo, e assim sucessivamente...)
Mas vale tão a pena (não tem preço, nem palavras pra explicar, mas eu vou tentar...).
Contamos os dias, que não passam, e cada vez ficam mais lentos, não vemos a hora de estar com nosso bebê nos braços e dele poder cuidar e amar.
O médico já não te agüenta mais, tantas dúvidas e curiosidades (até você entender que o útero é o lugar mais seguro do mundo, que uma dieta balanceada é fundamental, que ele não vai viajar nas vésperas do parto, que vai correr tudo bem, que está mesmo tudo bem com o bebê...etc ). Ele vira um membro da família.
Ficamos tão mais próximas de Deus, toda hora pedimos saúde e beleza para nosso pequenino. Que a partir de então, se torna a coisa mais importante de nossas vidas para todo o sempre, nos tornando pessoas melhores e nos ensinando muito mais que aprendendo.
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